segunda-feira, 6 de junho de 2011

Professores não acreditam que alunos irão concluir ensino médio, revela estudo


De acordo com uma reportagem da Folha de São Paulo, apenas 38% dos professores que dão aula para alunos mais pobres do ensino fundamental da rede pública acreditam que seus estudantes irão concluir o ensino médio.

O dado, revelado pelo economista Ernesto Martins a partir dos resultados da Prova Brasil, pode ser tanto uma constatação da realidade como também uma profecia autorrealizadora. Segundo a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios, apenas 38% dos jovens entre 18 e 24 anos possuem o ensino médio completo.

Por outro lado, é possível que a descrença dos professores seja também um motivador para a possível não-aprovação dos alunos. A explicação vem de um estudo realizado nos anos 60 pelos americanos Robert Rosenthal e Lenore Jacobson. Eles aplicaram uma série de testes de QI no começo do ano letivo aos alunos e depois informavam resultados falsos para os professores, induzindo-os a acreditarem que determinados alunos possuíam QI mais alto do que na realidade.

Ao final do ano, ficou constatado que os alunos de QI mais baixo, mas que os professores acreditavam ter um QI alto, apresentavam uma melhora mais acentuada no coeficiente de inteligência. Em outras palavras, se o professor acredita nos alunos, a tendência deles melhorarem é maior.

Mozart Neves Ramos, conselheiro do movimento Todos Pela Educação e membro do Conselho Nacional de Educação, compara o professor ao médico. "Em ambientes com poucos recursos e muitos problemas, o professor percebe que, por mais que se esforce, será mais difícil mudar a realidade. Se o médico não acredita na cura de um paciente em estado grave, se esforçará menos para salvá-lo."

Uma solução plausível para a situação é identificar cedo os alunos com dificuldades e ajudá-los para que eles não fiquem para trás durante as aulas. Tal medida já é adotada em alguns países como Canadá, Finlândia, Japão, Cingapura e Coreia do Sul e até mesmo em algumas poucas escolas do Brasil, como a Escola Municipal Bartolomeu Lourenço de Gusmão, em São Paulo-SP, que pareia alunos de melhor desempenho com os que tem mais dificuldades.

Para ler a matéria na íntegra, clique aqui (disponível apenas para assinantes UOL ou Folha).

Foto: Rodrigo Capote/Folhapress

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