segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Seminário Educação para o Século 21 aponta caminhos para educação brasileira
O Instituto Ayrton Senna, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, realizou na semana passada o Seminário Educação para o Século 21. O evento serviu para debater e apontar possíveis caminhos para o ensino no Brasil.
Uma das principais conclusões obtidas durante as palestras foi a de que o desenvolvimento de habilidades cognitivas e não cognitivas é essencial para os jovens. Para a presidente do Instituto, Viviane Senna, "[nós] podemos fazer muito para desenvolver competências em crianças que chegam à escola com grandes deficiências de aprendizado”.
De acordo com os palestrantes, o desenvolvimento das habilidades não cognitivas (tais como autonomia, raciocínio crítico, liderança, facilidade de relacionamento, tolerância, entre outras) deve integrar o currículo do ensino fundamental para todos os alunos. Dessa forma, essas crianças e adolescentes terão melhores condições de desenvolver as competências cognitivas e estarão mais bem preparadas para enfrentar os desafios do século 21, no mundo do trabalho, da economia globalizada, das questões políticas, sociais e ambientais.
Segundo James Heckman, vencedor do prêmio Nobel de Economia e professor do Instituto Henry Schultz da Universidade de Chicago (EUA), as competências não cognitivas geram resultados positivos tanto na área social quanto econômica, pois impactam na formação de personalidade das crianças. “Não podemos ignorá-las ou teremos graves problemas sociais”, alertou. Para Heckman, o investimento em tal cuidado tem consequência até na redução dos índices de criminalidade. Tudo isso também depende muito do envolvimento da escolas, e não apenas das famílias. “A interação desses agentes é imprescindível para o desenvolvimento do ambiente social”, afirmou.
O médico e neurocientista Miguel Nicolelis (que conversou com a revista Profissão Mestre após sua participação no Sala Mundo Curitiba 2011, em agosto), por sua vez, foi além. Para ele, a evolução das competências não cognitivas pode levar a um crescimento científico e tecnológico do País. Nicolelis, que também é professor de Neurociência na Universidade de Duke (EUA), defende a ciência como agente de transformação social e, por consequência, o investimento de qualquer nação neste setor.
Para discutir a educação nesse século, é essencial falar sobre inovação, mas tal conversa não se restringe apenas a novidades tecnológicas, equipamentos multifuncionais e o universo da internet. Essas ferramentas só podem ter o máximo aproveitamento quando as pessoas que as utilizam manterem uma postura inovadora. Como mostrou o professor titular de Engenharia de Software da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Silvio Meira, a vontade de fazer diferente e a iniciativa propriamente dita podem transformar o ambiente.
Essa renovação também está associada à retomada de valores determinantes para que haja harmonia em qualquer sociedade. Eduardo Gianetti da Fonseca, professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), chamou a atenção para o atraso brasileiro na solução de problemas fundamentais, como o da qualidade da nossa educação. “Em pleno século 21, ainda não resolvemos problemas do século 19.”
Foto: Reprodução do site oficial do Instituto Ayrton Senna.
Postado por
Educação em Pauta
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10:10
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